Escutei a chave girando na porta...
Quem será? Mas a essa hora? Não estou esperando ninguém... Nunca estou esperando ninguém...
E de fato não era ninguém... A porta abriu sozinha e apenas o vento entrou...
Era apenas para me mostrar, que não há ninguém, que ninguém vem, que ninguém espera...
... E tudo voltou a ficar silencioso de novo...
Algum tempo depois eu andei até a porta e a fechei, havia apenas o som dos meus passos e da porta se fechando...
Nenhum outro som que indicasse uma alma viva ou penada... A minha alma estava inquieta, mas também estava muda, a um bom tempo, ela perdera a voz...
Me virei e vi no chão uma chave... Mas não era a chave da porta, era uma chave velha, grande, de ferro e um pouco enferrujada...
Passei um longo tempo olhando pra ela e pensado que diabos ela fazia ali... Não sei...
Voltei a ouvir o som dos meus passos quando andei até ela, peguei-a e meu coração disparou doendo no peito...
Mas o que é isso? O que significa isso?
Encostei a chave no peito e meu coração parecia que queria se juntar a ela, ele rasgava meu peito, queria sair...
Afastei rapidamente a chave do peito, jogando-a no chão, e meu coração começou a se acalmar, mas estava triste...
Olhei ao redor e notei outras chaves... Muitas delas, algumas iguais, outras diferentes...
O que é isso, Meu Deus?!
Havia chaves no sofá, sobre a TV, na mesinha de centro, no estante de livros, sobre o tapete, pendurada nas paredes e até nas janelas e nas cortinas...
Peguei uma a uma nas mãos... E cada uma delas provocava reações em todas as partes do meu corpo... Principalmente no meu coração e na minha cabeça... Na minha mente...
Todas aquelas sensações, sentimentos e reações estavam me tirando a consciência... Entrei em êxtase... Em pânico... Em sublimação...
De repente no meio desse turbilhão, ouço a chave girar na porta de novo... Assustada joguei as chaves no chão... Eu tremia...
Olhei para a porta mas ela não se moveu... Meu corpo começou a responder e caminhei lentamente até ela, o tempo parecia deslocado, eu ainda tremia e sentia um nó na garganta...
Com as mãos geladas abri a porta...
... Dessa vez... Tinha alguém...