quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Minhas mãos suavam...
Suavam sangue...
Eu suava frio, mas meu sangue era expelido pela pele ainda quente...
Eu tremia muito e mal conseguia ver...
Só conseguia olhar pra dentro...
Eu queria chorar mas não tinha forças...
Era apenas sangue...
Suor e sangue...
Meu corpo todo estava úmido e gelado...
Eu estava de pé, mas parecia que ao mesmo tempo que eu flutuava a gravidade me puxava para baixo...
Uma gravidade viva, latente, forte...
A gravidade da realidade...
Naquele momento eu entendia a real gravidade dos fatos...
Eu estava sozinha e desprotegida...
E não havia nada que eu pudesse fazer...
Eu tentava andar mas é como se tivesse agulhas em brasa sob meus pés...
Eu tentava sentar ao pé da cama, mas algo pressionava minha coluna para que eu ficasse ereta... Uma pesada mão de ferro não me deixava mover-me.
Meus dentes rangiam e o som era insuportável...
Os meus olhos deformam tudo sobre o que pousavam, as janelas, a cama, o armário, todos os objetos, o espelho... Tudo parecia derreter na minha frente...
De tudo que eu via o que mais me dava medo era do espelho...
Não queria ver o meu rosto nem meu corpo deformado...
Minhas rugas, meus olhos cansados, minha boca pálida...
Meus músculos flácidos, nem meu cabelo branco, nem meu sexo morto...
Derrepente o espelho começou a vir em minha direção lentamente...
Como se alguém delicadamente o tirasse da parece e trazia até mim...
Senti pânico e um medo absurdo, não poderia suportar...
Aquilo iria me destruir...
Fiz uma força descomunal para fechar os olhos...
E uma força maior ainda para gritar...
Minha voz saiu abafada e aguda demais, nunca escutara ela assim...
E então...
Eu acordei... E as minhas mãos ainda sangravam...

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