sexta-feira, 12 de março de 2010

Aos cachaceiros de plantão...

Aos cachaceiros de plantão...
Pra curar sua paixão, beba pinga com limão;
Pra curar sua amargura, beba pinga sem mistura;
Contra dor de cotovelo, beba cachaça com gelo;
Contra falta de carinho: cachaça, cerveja e vinho!
Se brigar com a namorada, beba pinga misturada;
Se brigar com a mulher, beba pinga na colher;
Quem dá amor e não recebe, mistura todas e bebe;
e se alguém te faz sofrer, beba para esquecer!!!
Pra curar seu sofrimento, beba pinga com fermento;
Pra esquecer um falso amor, beba pinga com licor;
Pra acalmar seu coração, beba até cair no chão;
Pra você ganhar no bicho, beba uma no capricho;
Pra ganhar na loteria, beba pinga na bacia;
Pra viver sempre feliz, beba pinga com raiz;
Se essa vida de cão só te faz sofrer... o remédio é beber;
Se você não tem sorte... beba pinga até a morte;
Se nada mais tem graça, encha a cara de cachaça!!!





(Autor "bêbado" desconhecido)

quarta-feira, 10 de março de 2010

     ... Acordei de um pesadelo que durou semanas e semanas...
Achei um caminho para seguir que mesmo que esteja a milhas de distância me sacudiu e me acordou. Ainda meio tonta por acordar no susto de um sonho violento eu pensei: Quem tomou as rédeas da minha vida? Mas como? Ela é minha! É a única coisa que tenho disso, pois todas as outras coisas provém dela. Quem tomou fez por egoísmo ou por amor, por vaidade ou por responsabilidade.
     Mas não! Ela é minha! A quero de volta já!!!!
     Volto a velhos dias de batalha onde ainda era cega e insegura demais para criar uma estratégia. Nos dias onde era muito sangue e pouca razão, muito suor e pouco pensamento. Hoje a luta é muito mais séria e muito mais virtuosa, onde o único e valioso prêmio é a própria vida. Volto pro campo de batalha usando com armas a inteligência e a sinceridade. Agora o sangue que quero é o da alegria e da superação. Volto com as palavras que tive medo de usar. Volto com agressividade, mas não com brutalidade. Levanto a espada da consciência, antes do grito de coragem que dá início a batalha. A armadura mais resistente é o sorriso.
   Dois xeque-mate, num único jogo. O ás de copas que vence.
   Proteja o rei, esconda as cartas.
   Vença!

domingo, 7 de março de 2010

Vi a vida passando...
Ali, pela janela... Olhava pra mim até se esconder atrás do poste...
Sem eira nem beira...
Esboçava um sorriso irônico e um brilho de desafio nos olhos...
Lá estava ela, bela e livre...
Mas ela se foi e parecia não se importar em me deixar olhando pra ela...
Antes de partir acenou com a cabeça dizendo sim...
Sim?
Pra que?
Pra onde foi?
Porque foi?
Queria lhe perguntar o que estava fazendo ali, porque não estava dentro de mim...
Porque tão longe...
Eu gritei para ela voltar, mas não me ouviu, ou não quis ouvir...
Sentei-me ao meio fio e lá observei toda aquela escuridão...
Ás vezes ouvia um ruído e pensava ser a vida que voltada...
Mas não, não era...
Era um gato vadio, ou um pássaro solitário que passava por ali...
Queria perguntar o porquê do vazio do cérebro, do peito, das pernas, do sexo...
Porque ainda tenho a sensação daquele dia?
Daqueles dias...
Porque eu queria poder voltar, só pra poder sentir de novo...
Pra poder ser real de novo...
Voltar para momentos onde tudo estava em paz, tudo estava em seu lugar e nada podia me matar...

sexta-feira, 5 de março de 2010

Olha bem, já passamos a chave
Ninguém sai, ninguém abre
Eu te sobro e você não me cabe
Olha bem, nossos passos maldados
Nosso peito acuado
Hoje quer infartar

Olha bem, a tristeza é agora
Um dia o amor perde a hora
Ontem ele deu, hoje ele esmola
Olha bem nossas bocas malditas
Cospem fogo e saliva
Ai de quem se atrever a calar...

Ar, quero ar pra beber!
Quero sangue correndo, pulsando, fervendo
E queimando você
Mais, quero mais é te perder!
Que uma onda te leve, te afogue e te entregue a quem for
Mas te faça desaparecer

Olha só, vou-me embora pra não ficar pior
Os meus restos embrulhe, dê um nó
Queime tudo ou deixe virar pó
Ouça bem o que eu falo, abra a porta
Água na seca não brota
Dos nossos olhos transborda

Entenda, sim, não há amor quando há nada
Ninguém perdeu se empata
Tentemos nova tacada
Olha que horror!
Eu que já fui sua amiga
Hoje sou a bandida
Que não lhe quer nem roubar

Ar, quero ar pra beber!
Quero sangue correndo, pulsando, fervendo
E queimando você
Mais, quero mais é te perder!
Que uma onda te leve, te afogue e te entregue a quem for
Mas te faça desaparecer

Desapareça 













Isabella Taviani - Quero mais é te perder

terça-feira, 2 de março de 2010

"Quando rondas o leito e os objetos da casa, sigo-te, mas não te sigo aos lugares onde tu,
cheio de sagacidade pretendes levar-me. Se tu te transformasses em peixe-lua eu te abriria
com uma faca, porque sou homem, porque não sou nada além disso, um homem, mais homem
 que Adão e quero que tu sejas ainda mais homem do que eu. Tão homem que não se ouça o ruído nas ramagens quando tu passares. Mas tu não és homem. Se eu não tivesse essa flauta tu fugirias para a lua, para a lua coberta de tecidos rendados e gotas de sangue de mulher."



O Público - Federico Garcia Lorca