terça-feira, 9 de novembro de 2010

Acordou buscando por oxigênio desesperadamente... Sentia os pulmões comprimidos e coração quase parado, não sabia se ainda sonhara... Tentou lenvantar-se, mas assim que colocou os pés no chão, desabou num baque surdo... A sensação do piso frio sobre a pele fervendo era boa...

“Deus, o que aconteceu?” - Pensou assim que conseguiu organizar um pouco os pensamentos ainda confusos... Com muito esforço conseguiu levantar-se embora escorando nas paredes... Apoiou as mãos na pia pois sabia que se não se segurasse, desabaria de novo pois suas pernas tremiam e sua coluna parecia não existir... Abriu a torneira e percebeu as mão pálidas... Se em sua mão não existia cor, no seu rosto... Assustou-se ao olhar no espelho, a pele branca feito osso, os olhos vermelhos, a boca enrugada de tão seca, os cabelos desgrenhados e olheiras roxas... O espelho estava embaçado, seu corpo o embaçara... Uma única coisa era reconfortante, a certeza de que estava viva, e que aquilo tudo por mais que demorasse, iria acabar... Em algum lugar dentro do seu corpo, estava viva...

“Podia ser pior”- disse numa voz inaudível... Jogou água no rosto e finalmente podia respirar normalmente, sentia seu corpo voltando ao seu controle pouco a pouco... Voltou a olhar seu rosto molhado no espelho e percebeu um vulto escuro refletido, ao lado esquerdo da sua imagem... Não se assustou... Por um momento ficou apenas a fitá-lo... Conhecia aquela figura de algum lugar... Um lugar distante... Dos seus sonhos talvez... Virou apenas a cabeça e esperou que o visitante dissesse a que veio...

“Eu lhe avisei!” – Disse a cigana. “Sim avisou” – respondeu. “O que faço agora?” – perguntou a cigana “O que se deve, o que você deseja.” – Respondeu a cigana sorrindo... Dito isso a mulher de saia florida e lenço com pequenas medalhas douradas que enfeitavam a sua cabeleira espessa, entregou-lhe duas cartas de baralho...

Uma era a dama de copas... E a outra o valete de espadas...

Sentiu-se sendo tragada pela escuridão... Meio segundo depois acordou buscando por oxigênio desesperadamente...

Um comentário:

  1. Já disse o quanto gosto de seus textos? Eles sempre me prendem me levando até a última linha...
    Beijos, querida!

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