domingo, 28 de novembro de 2010

ALFABETO DE HISTÓRIAS: Antagônia Amorosa

Amélia andava angustiada. Amanhã amaria alguém? Acordou amarrada á antiga antagônia amorosa: amar, abster, arremessar-se, agoniar-se. Ansiosa, amenizou a aparência amarrando azaléias azuis ao arranjo alegórico. Alegoria aquela antes alegre, agora amargurada. Andorinhas adejando, assoviavam. As asas abertas acalmavam a alienação. Aspirou ar, andou apressada. Agora arbitrou: Amaria apenas Amélia, amanhã amaria alguém.

terça-feira, 16 de novembro de 2010











“Sempre que me entristeço com o mundo, penso nos portões de chegada do aeroporto de Heathrow. Dizem que vivemos num mundo de ódio e ambição, mas eu não acho. Sinto que há amor em todo lugar. Nem sempre algo que valha alguma manchete, mas está sempre ali. Pais e filhos, mães e filhas, maridos e mulheres, namorados, namoradas, amigos antigos. No atentado ás Torres Gêmeas, os recados de quem estava nos aviões não foram de raiva. Eram todas mensagens de amor. Se procurar, creio que descobrirá que o amor, simplesmente, está em toda parte.”

Do filme: “Simplesmente amor” - 2003


http://www.youtube.com/watch?v=ejPEVQQhOQo

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Acordou buscando por oxigênio desesperadamente... Sentia os pulmões comprimidos e coração quase parado, não sabia se ainda sonhara... Tentou lenvantar-se, mas assim que colocou os pés no chão, desabou num baque surdo... A sensação do piso frio sobre a pele fervendo era boa...

“Deus, o que aconteceu?” - Pensou assim que conseguiu organizar um pouco os pensamentos ainda confusos... Com muito esforço conseguiu levantar-se embora escorando nas paredes... Apoiou as mãos na pia pois sabia que se não se segurasse, desabaria de novo pois suas pernas tremiam e sua coluna parecia não existir... Abriu a torneira e percebeu as mão pálidas... Se em sua mão não existia cor, no seu rosto... Assustou-se ao olhar no espelho, a pele branca feito osso, os olhos vermelhos, a boca enrugada de tão seca, os cabelos desgrenhados e olheiras roxas... O espelho estava embaçado, seu corpo o embaçara... Uma única coisa era reconfortante, a certeza de que estava viva, e que aquilo tudo por mais que demorasse, iria acabar... Em algum lugar dentro do seu corpo, estava viva...

“Podia ser pior”- disse numa voz inaudível... Jogou água no rosto e finalmente podia respirar normalmente, sentia seu corpo voltando ao seu controle pouco a pouco... Voltou a olhar seu rosto molhado no espelho e percebeu um vulto escuro refletido, ao lado esquerdo da sua imagem... Não se assustou... Por um momento ficou apenas a fitá-lo... Conhecia aquela figura de algum lugar... Um lugar distante... Dos seus sonhos talvez... Virou apenas a cabeça e esperou que o visitante dissesse a que veio...

“Eu lhe avisei!” – Disse a cigana. “Sim avisou” – respondeu. “O que faço agora?” – perguntou a cigana “O que se deve, o que você deseja.” – Respondeu a cigana sorrindo... Dito isso a mulher de saia florida e lenço com pequenas medalhas douradas que enfeitavam a sua cabeleira espessa, entregou-lhe duas cartas de baralho...

Uma era a dama de copas... E a outra o valete de espadas...

Sentiu-se sendo tragada pela escuridão... Meio segundo depois acordou buscando por oxigênio desesperadamente...

Placebo - Running Up That Hill




Sem Mais...