quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Numa noite dessas de verão, acordei quase no escuro

O corpo torto, suado e quase nu

Mais uma vez, olhei os desenhos que a luz da rua, que batia na janela e batia na parede

Era sempre o mesmo desenho, no mesmo lugar

Na mesma hora

Levantei e olhei para as paredes e o tetos aqueles desenhos tão particulares

Ao me ajoelhar na frente da janela vi as luzes da cidade brilhantes e mudas, assim como aquele quarto

Mas eu ouvia sim, o som do sono, do cansaço

Olhava e sentia vida lá fora

Uma vida que estava longe de mim

Que eu não podia tocar, nem estar perto

Era uma turbulência de silêncio, de urgência

Eu apenas podia ficar presa dentro de mim, como sempre estive

Podia ver, sentir e ouvir, mas não podia estar lá

Junto da vida

Ah! Se eu pudesse voar! Tão longe! Tão alto!

Sentia o corpo perder calor mas a cabeça continuava quente

Se ao menos eu pudesse dormir!

A solidão me ajudava a pensar naquele mundo imenso, bonito e cruel lá fora

Saudade eu também sentia, talvez do que não vivi

Medo eu também sentia e sobretudo, amor

Naquela noite, naquela janela eu podia ver, sentir e ouvir

Mas não podia tocar

Nem viver...

2 comentários:

  1. Texto forte, urgente... Gostei, aliás, gosto de seus escritos, eles têm paixão.!

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  2. Continua a escrever com vemencia !!
    adoro-ti Lara !!!

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