sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
Numa noite dessas de verão, acordei quase no escuro
O corpo torto, suado e quase nu
Mais uma vez, olhei os desenhos que a luz da rua, que batia na janela e batia na parede
Era sempre o mesmo desenho, no mesmo lugar
Na mesma hora
Levantei e olhei para as paredes e o tetos aqueles desenhos tão particulares
Ao me ajoelhar na frente da janela vi as luzes da cidade brilhantes e mudas, assim como aquele quarto
Mas eu ouvia sim, o som do sono, do cansaço
Olhava e sentia vida lá fora
Uma vida que estava longe de mim
Que eu não podia tocar, nem estar perto
Era uma turbulência de silêncio, de urgência
Eu apenas podia ficar presa dentro de mim, como sempre estive
Podia ver, sentir e ouvir, mas não podia estar lá
Junto da vida
Ah! Se eu pudesse voar! Tão longe! Tão alto!
Sentia o corpo perder calor mas a cabeça continuava quente
Se ao menos eu pudesse dormir!
A solidão me ajudava a pensar naquele mundo imenso, bonito e cruel lá fora
Saudade eu também sentia, talvez do que não vivi
Medo eu também sentia e sobretudo, amor
Naquela noite, naquela janela eu podia ver, sentir e ouvir
Mas não podia tocar
Nem viver...
... Crua, nua, parada, estagnada
e sem razão.
Com a sensação de estar indo na contramão.
Sem pode viver por mim
Sem ter por onde ir
Sair da inércia do ser frio
Por um fio a consciência do estar aqui
Passeiam palavras não ditas
Feridas muito antigas para se curar
A coragem que falta para arriscar
Tão parada quanto a madrugada
E já que tão magoada a alma está
Pra que continuar?
Tão viciada quanto as cartas
Pra que doer?
As cartas não mentem
Tão presa quanto as verdades
Tão nula quanto o zero
Crua e nua quanto a lua pregada no céu
Tão estagnada quanto uma rocha
Um dos piores venenos, dos piores males:
A covardia!
01/02/10